Luma Elora Aislin

Luma Elora Aislin
Sabá de Ostara

domingo, 29 de novembro de 2009


Soneto à Lua
       
Por que tens, por que tens olhos escuros       
E mãos lânguidas, loucas e sem fim       
Quem és, que és tu, não eu, e estás em mim       
Impuro, como o bem que está nos puros?
Que paixão fez-te os lábios tão maduros       
Num rosto como o teu criança assim       
Quem te criou tão boa para o ruim       
E tão fatal para os meus versos duros?
Fugaz, com que direito tens-me presa       
A alma que por ti soluça nua       
E não é Tatiana nem Tereza:
E és tampouco a mulher que anda na rua       
Vagabunda, patética, indefesa       
Ó minha branca e pequenina lua!
Vinícius de Moraes, Rio, 1938

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Perdoar para Renovar.





Texto: Carlos Solano
Ilustração: Laís Dias

Impressionante... Dona Francisquinha, minha faxineira rezadeira, está sempre bem, forte e sacudida... “Sempre não, mas coincide...”, ela me diz, sorrindo até as orelhas.
Qual a receita?, resolvi assuntar.
E como a comadre não guarda segredos...
Contra solidão? “Visitar alguém, é claro”.
Raiva? “É só cantar!”
Medo? “Rezar para o Anjo da Guarda.”
Contra melancolia e tristeza? “Goiabada com queijo!” Ela me diz, olhando de rabo de olho. Simples assim.
Mas o melhor dessa prosa foi descobrir que o segredo principal de dona Francisca é perdoar. Só isso tudo...
Foi com ela que eu aprendi como a casa pode se libertar do passado e acolher novas flores e amores. “Nós próprios somos os curadores divinos. É só respeitar a crença de cada um e, se todos têm fé e amor, pronto, está feito o milagre.
É só confiar!”, me assegura a querida Francisquinha.
Antes de mais nada, atraia uma Chuva de bênçãos, perdoando a si mesmo: “Que haja paz dentro de mim, que eu possa confiar no poder mais alto que é Deus, pois estou exatamente onde devo estar. Que seja feita a vontade de Deus, nosso Pai, que eu não me esqueça das possibilidades infinitas que nascem da fé, que eu possa usar as bênçãos que recebo e transmitir o amor que me é dado. Que eu possa sentir-me satisfeito sabendo que sou filho de Deus e, permita Senhor, que Sua presença esteja em meus gestos e dê à minha alma liberdade para cantar, dançar e se aquecer na Sua Luz, que está aqui para todos nós, amém!”
Para perdoar o passado da casa e clarear a vida, use a Bênção da luz, fazendo o sinal da cruz na janela principal da moradia. “Vem santa Luzia, de noite e de dia, trazer-me essa luz, dos braços da cruz (fazer o sinal da cruz sobre a janela três vezes). Se é nuvem pesada e de água formada, por Deus enxágüe e será derramada (fazer o sinal da cruz sobre a janela três vezes). Vais ver que esta luz no Céu se produz (fazer o sinal da cruz sobre a janela três vezes)!”
Para perdoar os outros, de corpo e de alma, nada melhor do que os Banhos de frutas e flores.
Contra pensamentos rancorosos ou depressivos, prepare um Banho de Maçã Vermelha, que desintoxica as emoções: deixe a maçã (cortada em quatro) em infusão na água bem quente por 20 minutos. Deixe o chá amornar, retire a maçã e jogue do pescoço para baixo, depois do banho normal de chuveiro, dizendo assim: “Libertai, Senhor, o meu coração”.
Depois do banho, pode-se borrifar a casa com esse chá.
“Quando vejo que alguém não sabe perdoar, logo digo que é preciso chamar o amor com nove flores de maria-sem-vergonha, de qualquer cor!” Continua a comadre. É só fazer o chá dessas flores, tão leves e soltas, e tomar três banhos em cada Lua nova, do pescoço para baixo, por três meses.
Para reforçar, coloque um vasinho com a flor dentro de casa...
Depois de perdoar, o que faz abrir os caminhos, é preciso atrair harmonia e fartura, pegando três galhos de manjericão na mão direita, rezando a casa com fé e agradecendo muito.
Lembre-se do que diz dona Francisca: “Aquilo que é seu sempre buscará um caminho para chegar até você”.
Para proteger a vida nova, esco lha uma planta de seu agrado, deixando o vaso na entrada do lugar.
Pegue a chave da porta da frente, coloque dentro de um copo de água dizendo em voz alta: “Anjo guardião, envolva a minha casa com a sua proteção!” Deixe o copo dormir ao relento e, no dia seguinte, ao meio-dia, despeje a água no vaso, repetindo a invocação.
Novo ano... Muitas vezes nos esforçamos, queremos o melhor, mas a graça almejada não se realiza... “Isso acontece porque existe uma dor bem escondida, fechando o caminho”, ensina a mestra dona Francisca.
Portanto, antes de qualquer voto, ação ou decisão, é preciso perdoar. E comece por você. “Se perdoando, a graça divina é aproximada. Vamos liberar a dor... E virar uma flor!”, diz a sábia Francisquinha.
Revista Bons Fluídos...jan/08.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O que de fato é essencial num ritual de sabat?


Olá !
Essa foi uma das inúmeras perguntas que me chegam de quando em vez na verdade ela me chegou assim, "o que de fato é essencial num ritual de sabat? O fato de eu não crer necessário todos esses objetos inflenciam na prática do ritual? Obrigadinha...rs "
Isso já faz um tempo, estavamos para ritualizar Mabon, logo no decorrer do texto irá aparecer referência a esse Sabat contudo, é um texto geral sobre os sabats em que expresso minha opinião, minha maneira de ver e sentir, o que de forma alguma quer dizer que sou dona da verdade...mas, sim dona da minha verdade e da forma que procedo, é dentro das minhas vivências que procuro passar alguma coisa para quem depois de mim, resolveu conhecer e trilhar os caminhos antigos.
Outra coisa que quero dizer é que as fotos que usei para os textos, que na verdade é um só partidinho em várias postagens, são mistas....algumas são da internet e outras fotos minhas mesmo de sabás e rituais os quais celebrei.
Uma boa leitura e muito grata a quem aqui vier.
Bençãos dos Antigos!
Bjus
Luma Elora Aislin

O que de fato é essencial num ritual de sabat? Parte I


O que ocorre é o seguinte, na Arte temos instrumentos, que nos são sagrados devido ao seu simbolismo, muito mais do que ser simbólico, é o conteúdo energético que ele carrega por anos de uso dentro da magia.
Nossos instrumentos, além dos que tem função prática, é claro, como no caso do Boline (ou faca de cabo branco), que serve, entre outras coisas para cortarmos as ervas a serem usadas, sejam em ritual, em feitiços, num simples banho de ervas ou chás.....tem bruxa que vai usar seu boline apenas em coisas que estão ligadas a um ritual formal ou então, a feitura de um feitiço, não é o meu caso. Se tu chegares aqui em casa e precisar cortar algumas ervas para levares para por no teu chimarrão ou fazer um chá para dor de barriga, se tiver que usar o boline, eu uso....
Bem, além desses, existem os que estão ali para uma ancoragem de energia, estão ali para nos lembrar, para nos induzir, a um estado de consciência, muitas vezes necessários a um ritual, nem que seja para lembrar que estamos diante dos Deuses e devemos estar em posição de respeito e honra, parece estranho eu falar isso aqui mas, olhem.... vou falar sobre minha experiência.....altar montado, as pessoas reunidas, o sacerdote querendo começar o ritual, a formação do círculo (de forma formal, pois todos já estavam em formação circular, e alguns membros do círculo, rindo e conversando, comentando a noitada anterior e se as companhias eram boas ou ruins, (bem, me desculpa, mas, é verdade.....e, dói em uma bruxa....) isso em frente ao altar e aos símbolos, imagina sem essa, como diria alguns, pompa.

O que de fato é essencial num ritual de sabat? Parte II


Costumo dizer que uma verdadeira bruxa, começa suas práticas no hoje, sem absolutamente nada, porque ela já tem inserido em seu subconsciente, a representação, daquilo que lhe é sagrado, e mais ainda, a devoção e o respeito...quando falo em respeito parece uma coisa imposta mas, nada tem a ver isso aqui, simplesmente o ato de ter uma atitude respeitosa, está imbuída aqui do sentimento de devoção. A bruxa trás dentro de si a memória residual dos instrumentos mágicos ritualísticos que um dia manipulou e, aquilo trás ao seu aqui e agora toda uma carga positiva em seus rituais, carga de ancoragem, de proteção, etc
Desta forma é absolutamente normal se realizar um sabá, praticamente de mãos abanando, digo isso, porque o mais comum é que, pelo menos uma vela pequena, um incenso, é utilizado....contudo eu já fiz rituais sem absolutamente nada mas, quando começamos assim, e mesmo sabendo que o material não nos impede, ou melhor a ausência deles, quando vemos já fomos adquirindo nossas coisinhas, isso não quer dizer um aparato imenso, onde temos de tudo que se vê descrito em rituais prontos e muito mais....porque se tu começar a ler...e, por isso a leitura é fundamental, verás que a existência de elementos beira ao enchimento de muitos baús ou armários, rsrsrsrsrsrrsrsr mas, é assim...até porque, começam a aparecer na frente da bruxa, aquilo que se destina à ela, isso ocorre às vezes de forma quase que mágica, como por exemplo, tu entra em um lugar em que nunca viu determinada coisa para vender e então, como num passe de mágica, tu dá de olho em algo relacionado a Arte....isso é bem estranho, e mais estranho ainda é que tendo o impulso de adquirir, mesmo que conte moedas, o dinheiro estará lá...ou então, logo em seguida, tu terás a quantia em mãos.....e é assim que aos pouco se adquire algumas coisas mas, isso não quer dizer que, mais uma vêz reforço, tenha que se ter tudo....eu, por exemplo, ainda não tenho todos os isntrumentos da Arte, me refiro aqueles consagrados pela literatura, e que se tem em mente que toda a bruxa possua.

O que de fato é essencial num ritual de sabat? Parte III


Isso também se aplica a roupa, vai chegar um momento que tu vai ficar incomodada de estar com as roupas que usa no dia a dia e, automaticamente vai eleger um vestido confortável e começar a usar apenas aquele cada vez que pensar num ritual, ou terá vontade de tirar a roupa...essa vontade é mais forte durante um esbat de lua cheia.....eu, por exemplo, posso ir para o campo sem absolutamente nada,e estar usando uma roupa normal, apenas para realizar um discreto culto a Deusa da noite, ficar sentada em algum cantinho, olhando a lua e orando...ou seja um simples ritual de adoração e honra...e, sempre vou querer estar sob minha capa...é justamente nesses rituais simples, que mais sinto a necessidade da capa e do capuz, é como se pela capa houvesse o isolamento do mundo profano e passasse a ficar somente eu e a divindade lunar, em perfeita harmonia.
Por outro lado, há, e cada vez mais quem ao ler o primeiro livro de bruxaria ou wicca, saia feito louca e volte com uma bagagem nas mãos, principalmente agora em que lojas especializadas se multiplicam...não sabem nem ao certo o que fazer com aquilo tudo, vão ao livro palavra por palavra, fazendo purificações e consagrações de instrumentos, rituais elaboradíssimos, tudo acompanhado do livro para não esquecer ou então religiosamente decorado e sai repetindo aquilo como prática constante e depois de um tempo, em conversa ou debate com alguém, discorre que aquela é a única forma correta de proceder, todo o resto não conta, imagina! Sair inventando rituais de purificação e consagração ou até mesmo não fazê-los...que heresia!

O que de fato é essencial num ritual de sabat? Parte IV


Na realidade baseado no que lemos, devemos criar nosso próprio ritual, dentro de uma margem, de variedade mas, que personalize cada um deles, afim de que não fiquem muito entrelaçados, isso não impede e pelo contrário, deve haver elementos iguais de um para outro, até porque as estações se encostam, na natureza as coisas não vem em gavetas separadas e catalogadas como em uma loja de departamentos, no térreo bazar e móveis e no andar de cima roupas e acessórios.....
Quando eu entrei para o coven do Val e comecei a ritualizar com eles e não mais só, eu passei a utilizar as correspondências dele, o que era muito natural, depois que sai do coven, continuei com elas, por uma questão simples eu ancorei essa energia em mim....é como acender a luz da peça em que vamos trabalhar, são símbolos que deflagram um estado de alma e ajudam a preparar a formação do círculo mágico pelas suas simples presença, dessa forma quem entra em contato comigo, vai perceber que as cores sabáticas são diferentes das narradas na literatura e que na literatura, também as cores divergem de autor para autor, de tradição para tradição, e isso das tradições, também elas definem uns ou outros instrumentos, e a forma como usa-los.
Eu sou uma bruxa pipa, solta no ar....acrescentei coisas, elementos as minhas práticas do convívio com o Val e fiz isso porque ao estar com ele, percebi que assim era uma forma correta de estar e que me ajudava na harmonia mágica....enfim me deixando à vontade.
Eu noto que muitas pessoas pregam a ausência de instrumentos e de elementos e total desprezo por esses e dizendo que não fazem falta, que isso tudo é golpe para vendas e tudo o mais, o que de certa forma eu não deixo de concordar mas, pelos Deuses! Vejo também um pensamento completamente distorcido, como querer ser algo e desprezar os simbolismos dessa mesma coisa? Acho isso um desrespeito, é certo que há limites, aproveitadores, deslumbrados e tudo o mais, mas vejam com 5 pauzinhos e um círculo de cipó ou alguma raíz, ou uma corda, se faz um pentagrama, ou com um pouco de argila.....uma singela faca de cozinha, um boline...e assim vai....

O que de fato é essencial num ritual de sabat? Parte V


É uma questão de escolha mas, essa escolha deve ser coerente com o que se está vivenciando, senão fica evidente aquela grotesca disparidade, e existe muito por aí, podem acreditar....
Em relação as cores do sabá, eu utilizo a cor laranja para Mabon.
Mas, antes quero falar de algo que me passou, os que pregam que o que vale é a intenção, muito correto. E é justamente essa intenção firme e forte e cheia de fé, que vai carregando magicamente os intrumentos da arte, onde chega a um ponto em que eles estão assim cheios de poder, e como tal são considerados como instrumentos mágicos e com vida própria, daí decorre toda aquela ritualística e mística frente aos objetos de uma bruxa ou de um mago.
Outra coisa, dentre os objetos dos rituais temos os instrumentos mágicos e os simbólicos de todos os rituais e os de cada ritual, os simbolismos específicos.....aqui de novo impera o bom senso, ninguém precisa deixar de ritualizar porque não tem flores para o altar, porque não fez pão ritual, porque não tem todas as velas necessárias, nas cores correspondentes e por aí vai....se um ritual tem muitos elementos, ficamos mais envolvidos na arrumação do mesmos e na ordem das coisas e nos perdemos da essência, contudo se optarmos por essa forma de ritualizar, se realmente imbuídos de intenção sagrada, cada gesto servirá como um ato devocional, uma oração, é um todo harmônico que gera muito ancoramento, muita paz, muito amor, quanto mais envolvidos, mais estamos mergulhados na energia da Senhora e do Senhor, e isso é muito bom.
Então, fica claro que o início de tudo é a intenção, a fé, o amor , a vontade, a disposição....bruxaria é antes de mais nada uma entrega de devoção e amor, senão vira apenas práticas mágicas, se igualando a qualquer feiticeiro, que funciona com pactos e todo o resto (eu uso o termo feiticeiro, para definir aquilo que se convencionou chamar de bruxa, rsrsrsrsrsr).
Dessa forma, ritualizar Mabon, pode ficar resumido ao acendimento de uma vela laranja, um incenso que corresponda ao período...e toda devoção que pode expressar um coração...na prática das orações, que serão as invocações ao Deus e a Deusa...sem mesmo precisar abrir o círculo mágico, embora essa prática vai deixando o bruxo cada vez mais apto na formação eficiente do círculo, quando esse tiver que necessariamente ser traçado.....

O que de fato é essencial num ritual de sabat? Parte VI


E mais quem realizar o ritual dentro e fora do círculo, certamente sentirá a diferença...outra coisa é o convite aos guardiões...ora, quando fazemos uma festa,chamamos convidados afins não é mesmo? E os chamamos, queremos a presença deles, quando organizamos o aniversáio dos filhos pensamos nas crianças, preparamos tudo para elas, imaginem se os amiguinhos não chegam, ou mais ainda, vc prepara a festa para o filho, com tudo que tem direito e não chama os amiguinhos...diz para a criança tem bolo, docinho , guaraná, tem balões, balão surpresa e lembrancinhas com balas e pirulitos e tem até gelatina com frutas e carrinho de algodão doce mas, tu meu filho ficarás só, mamãe não chamou os amiguinhos...porque não são necessários, ou simplesmente não os convidei por preguiça......é nessa situação, que vejo a ausência dos guardiões...elementais, natureza, Deus e Deusa, bruxaria, magia, estão de tal forma ligados, que não há como separar, sem que a coisa pareça, um tanto, sem noção, vazia....eu não sei é minha visão......
Afinal as religiões tem seus ritos...e, isso também é bem corrente, as pessoas se voltam contra os ritos e vem para a bruxaria que acena com liberdade, rsrsrsrsrs primeiro que é uma visão totalmente distrocida, segundo, confusão de liberdade de escolha com libertinagem de ação...são coisas bem diferente.
Bem, por hoje é só mas, quero saber o que pensas e em cima disso como farias um ritual de Mabon?
É um exercício, rsrsrsrsrsrsr
Bençãos dos Antigos!
Luma Elora Aislin